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Eu amo o reino das palavras, eu ando todos os dias pelo reino das palavras e passeio nos anseios de antes, nos rabiscos de tempos outros, os próprios anseios de mim. Eu amo o mundo das palavras e o mundo pelas palavras, eu amo o que o mundo é, no meu reino dos anseios, quando ele é de palavras. Eu amo a grafia das almas, o tom rascunhado dos sentidos, eu amo as palavras no mundo, e amo que elas reinem nos anseios de mim própria e de tantos outros próprios reis de si mesmos nas palavras. Eu amo o surgir, o formar e o retocar das letras na graça de seus sons aos ouvidos, na coreografia de seus movimentos na folha. Eu amo que corações possam ser escritos, amo que posso ver meu coração num papel, na parede, amo que, no reino das palavras, meu coração pode ser coroado em seu mundo, por seu próprio anseio de ser rei e por tantos outros corações reis de si mesmos, no mundo das palavras. Eu amo que eu possa ser além de mim, como tantos são além deles mesmos ao chegarem a mim, no criar, ler, ouvir, escrever, sonhar em letras... ...e é por isso, meu amor, que pra ti guardo o silêncio, guardo no silêncio o mundo todo que mais amo. Pois que, meu amor, o silêncio é o pai e a mãe da palavra, e o silêncio é a morte e renovação da palavra. E cá, em mim assim, esse mundo todo que sou em todo o meu reino, a palavra, és o silêncio, pois que, aqui, no querer ser do meu coração, és o que a tudo traz vida, cria, padece e se renova. Só isso, meu amor, em mim, o que precede, monta e desmonta e faz-se de novo a própria criação minha, de mim mesma, no meu reino. Vens antes, meu amor, no meu reino. A ti, no meu mundo, a coroa.
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