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Pai, Eu Sou a Mais Envergonhada das Tuas Filhas

Foto do escritor: Ivy GobetiIvy Gobeti

Atualizado: 26 de jul. de 2021


Pai, eu sou a mais envergonhada das tuas filhas

Quando sei que és meu pai, quando vejo-te todos os dias

E passo-te a vista como quem vê um qualquer,

Sou a mais envergonhada das tuas filhas, pai,

Porque sei de mim tua filha e não sei de mim como és.

Sou a mais vergonhosa das tuas filhas, pai,

Quando tudo o que fiz sempre foi te buscar

E nos outros lugares que não são os daqui, pai,

Sempre te vi e sempre caminhei na tua essência

E sempre voltei a dizer das tuas coisas e a guardar

Comigo a tua presença e a me deixar só em graça.

E, por isso, das tuas filhas, eu sou a mais vergonhosa,

A mais envergonhada, pois que aqui estou eu, pai,

Onde pedi pra estar, como disse que estaria,

E de onde me deste sempre a mão, eu com a tua mão

Entrei e fechei a porta, nada disseste, pai,

Nada poderias dizer, pai, face à minha traição,

Quando me mostraste quem és aqui no nosso chão

E eu passei-te e ignorei-te e pra ti gritei que me deixaste

E não há nesse mundo descrença maior que em ti crer

E a ti ignorar quando vens a chamar,

Pois que não há ignorância maior nesse mundo

Que por ti clamar e ao ouvir tua voz e ver teu olhar

Virar as costas a ti e me por novamente a vagar.

Sou a mais envergonhada das tuas filhas, pai,

A te pedir que venhas a me perdoar,

Porque colocaste a ti em minha frente como és

E eu me coloquei a te dizer que não eras como

Queria que foste, não era como eu te criara,

Mas sou eu do jeito que me criaste,

E que se faça por ti como já fizeste,

E que se faça em mim o que quiseres.


 

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